sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A Promessa - de um filme ruim

Adoro cinema chinês e tenho em minha lista de favoritos o sensacional Lanternas Vermelhas. E também adoro filme chineses do estilo Chinese Flying people , aqueles onde mulheres dançam no meio de flechas e pessoas lutam kung-fu em cima de galhos de bambu. Também adoro rolinhos de primavera e bifum, mas isso não tem nada a ver com o que eu estou falando. Vou falar de um filme que assisti recentemente. Pode conter spoilers Provavelmente contém spoilers Que se foda, tem spoilers.



Wu Ji - A Promessa de Chen Kaige - 2005

Wu Ji chegou em minhas mãos de uma maneira inusitada. Um amigo meu que mora em meu prédio apareceu aqui em casa e disse "trouxe um filme ruim pra gente ver!" Eu nunca havia ouvido falar de Wu-Ji e me parecia pelas imagens do DVD que era bonito. Não esperava muita coisa, só algo "bonito"como Clã das Adagas Voadoras, com gente bonita, cenários bonitos, música bonita... Bonito. Não bom, entenda, só bonito. Mas como chegaram dizendo "é ruim" eu, com minha eterna mania masoquista de ver filme tosco, enfiei o negócio no player. E começou uma sequência de tortura chinesa.

Primeira cena. Uau, uma "deusa"de cabelos esvoaçantes lança uma maldição em uma menininha faminta. Visual bacana, figurino interessante. Provavelmente a única cena que eu gostei do filme todo, porque depois...

A história é sobre esta menininha que cresceu com a maldição de atrair todos os homens e nunca amar ninguém. O problema começa quando aparece um escravo com uns dreadlocks (uma peruca ensebada podre), um general que usa uma armadura cheia de sininhos e um vilão andrógeno que usa uma lança em forma de "dedo apontado". Ju-ro! Me fez imaginar onde e como ele usa a dita cuja. A mocinha bonita se apaixona pelo cara certo, casa com o cara errado achando que é o certo. Enquanto isso, o vilão com a lança de dedinho fica se abanando com um leque.

Unidos do Fong Wong.
Quesito: Acessórios - Nota: Doix

O fato é que o chinês escravo do dread cagado é o último sobrevivente de um vilarejo onde TODOS habitantes tem o poder de correr ultra-rápido. De quebrar o espaço-tempo e literalmente, voltar ao passado. E ele corre: corre com os piores efeitos de chroma-key que eu já vi desde os episódios do Chapolim. A cena em que ele foge de um estampido de búfalos me fez dizer em sequência, 49 vezes "mas que porra é essa?". Eu não conseguia olhar para a tela e não dizer "que porra é essa?". Eu não sei o que dá na cabeça de um diretor. O sujeito deve pensar "rá, o povo gosta de drama, de paixão, de gente voando - vou socar tudo aqui com umas penas e boua". Aliás, em Wu-Ji há tantas cenas de panos esvoaçantes que mais parece uma propaganda da Zêlo (cama, mesa e banho).

E daí em diante, cenas impressionantes de chroma-key NERVOSO comeram soltas. O Chen Kaige tem a manha de fazer efeito especial usando folhas de papel crepom verde e uma tesoura sem corte. E ele também tem a manha de fazer roteiros sem pé nem cabeça com o desfecho mais imbecil de toda história do cinema chinês ( e olha que eu sou viciada em filmes de kung-fu dos anos 70, eu sei o que é um desfecho insano à moda chinesa).

Spoiler: tudo, absolutamente tudo acontece por causa de um bolinho. Um mísero bolinho.

Adicione uma chinesa esquizofrênica, um ovo mexido, um bigodinho mal colado, cenouras, uma peruca dread suja e um vilão que usa penas. Recheie um bolinho.

Wu-Ji está pronto.

"Tia, dá um reau pá eu compá um bolim?"