"Apareço lá no pé-sujo e me atraco com o primeiro vagabundo que se interessar".
"Tento recobrar minha auto-estima para não soar arrasado em demasia, caso perdido, e também se faz necessário reorganizar a vida para ganhar de volta status, trabalhar com algo cool, ter o que dizer quando perguntarem o que estou fazendo na vida, arrumo dinheiro pra sair, mas também é preciso uma condução, humilhante não ter, e não pode ser nada muito utilitário e cinza, pronto agora, descubro quais os lugares andam na moda, mas tomando certo cuidado com a faixa etária para não soar muito ridículo, não ser humilhado, superado por rapagotes, sendo que talvez não tenha jeito e eu seja mesmo esse tio, caso em que o que eu preciso é ganhar mas dinheiro - muito mais -, e seja como for sair sozinho não funciona então recupero minha antiga agenda de amigos de fuzarca, dos quais 95% estão casados e um ficou paraplégico, ou eu aprendo a sair com os jovens ou espero algum se divorciar, dane-se, vamos nós, à noite, fico bêbado demais, volto arrastado, digo a mim mesmo ser falta de hábito, há a próxima semana e, ora vejam só, uma moça que troca olhares, está acompanhada, quase apanho, caceta, outra, agora sim, chegar ela muda de ideia, que louca, e mais uma, só quer trocar beijinhos, coisa feia nessa idade, e mais aquela que só estava bêbada, e também a próxima, que era eu que estava bêbado e à luz do dia notei o erro, erro feio, e prossigo assim por mais nove fins-de-semana e mais 30% do salário desperdiçado, ganhando uma indisposição geral com a vida, mas meses que sejam perseverarei até que aí, puta que o pariu, às quatro da manhã, aquela colega de escritório, não tem tu, mas, mas, enfim... rararará, tá vendo, vadia, agora você vai se arrepender por ter me deixado!"
Hello, I’m here to sell my fish
Há 14 anos